segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Forasteira


Acordada, manhã de quarta em todos os sentidos. Era muito cedo, por que na casa dela viviam muitos irmãos para pouco banheiro. Como a mais velha ainda estudando acordou primeiro, tomou o bom banho gelado e preparou um chá com pão e bolachas doces. Todos prontos e apertaram-se no carro e foram para a escola. Ela nem estaria estudando se continuasse no seu país, mas a guerra a fez voltar para a nação e cidade preferida por seus pais. Aceitou, lá de onde veio ela ouvia as bombas e tinha muito medo. Ela voltou então pra escola de sua infância. Tudo ocorria bem na sua sala, apesar de apenas um ou dois agirem certo para adquirir futuro, por isso se tornou preguiçosa.

Mas algo tinha que acontecer para quebrar essa calmaria se não de nada adiantaria essa história.

Havia um garoto muito estranho, principalmente em aparência. Se fosse só isso ela nem ligaria, mas ele tinha atitudes que a visão dela, constituída basicamente por sua moral e religião, discordava demasiadamente.

Este então do nada se apaixonou por esta, maldito dia! Ela não o via como homem, para ela ele era ninguém, como foi que ele foi se apaixonar? E tem isto tem explicação?

O primeiro incidente: ela não havia percebido tudo até então. Os dois faziam parte de um grupo do conselho de classe, estavam porque estavam entediados. Após uma conversa com o supervisor o garoto aproveitou-se da ocasião em que ficaram sozinhos e falou – “sobre aquela aposta que o pessoal disse que eu fiz com meu amigo, de que eu ia conseguir abraçar você, eu quero pedir desculpas, não devia ter brincado com isso, não quero que a gente pare de se falar, é porque eu gosto muito de você”.

Ela respondeu com um simplório e automático eu te perdoou, também gosto de ti.

Demorou um pouco para se tocar do que estava acontecendo, mas lembrou do comentário que uma das cobras que ela estudava tinha dito sobre a tal aposta, ela realmente tinha ficado ofendida, inclusive com o amigo, que já era conhecido de longa data e por não esperar isso dele.

O garoto permaneceu com o sentimento não mútuo pela garota, é, certos homens emburricam com certos amores. Não escondia de jeito algum, e se tornou alvo fácil do palhaço que toda sala tem. Ela tentava esquecer, gelar e apontar todo e qualquer erro dele, para ver se desistia, mas o menino gostava de se dizer excêntrico e gostava cada vez mais dela.

Voltando para a quarta, ela chegou na sala e continuou sua vida. No intervalo havia, neste dia de semana durante aquele mês, um festival de música, o idiota em questão pediu uma dedicada, anônima para a garota. Todo mundo havia percebido, e as cobras amigas riram disso. A garota avermelhou e quase explodiu, mas saiu correndo, humilhada e com raiva para a sua sala vazia. Pensou consigo mesmo que não ia ser na base do gelo, mas do fogo, ia queimá-lo com palavras rígidas.

Ela voltou para o país que ela sempre amou, porque por lá os homens são como ela acha que devem ser. E ficou feliz.

Ele se arranjou com outras coisas, afinal ele viveu sem ela antes, né?

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