quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Paguem minha fiança!


Sejamos sinceros, quantos de nós não temos vontade de esmurrar aquele cara chato, o professor mal-humorado ou quem sabe até aquele pilantra que nunca nos pagou aquela pequena, ou grande, quantia em dinheiro que emprestamos? A meu ver, ninguém enriquece perdendo dinheiro. Mas o caso não é este. Bater em pessoas indesejáveis é o menor dos desejos que um cara comum tem hoje em dia.

Não temos liberdade. Sim, parece uma bofetada na cara de algumas pessoas, mas temos de encarar os fatos, somos escravos dos bons costumes, do cara que é bem mais forte que nós ou dos nossos chefes de trabalho. Nunca agimos da maneira que pensamos, ou porque temos medo do que os outros vão pensar, ou porque, simplesmente, somos obrigados a aceitar a realidade, além, é claro, de outros vários porquês.

Não estou defendendo nenhum ideal de revolta anarquista ou algum de tipo de volta ao estado de natureza, onde, segundo Thomas Hobbes, o homem vivia em estado de guerra. Pelo contrário, sou a favor das normas que a sociedade nos impõe (não exatamente todas) para que não libertemos completamente nossos instintos mais primitivos e selvagens, porque acredito que sem elas o mundo seria um caos ao cubo e, possivelmente, estaríamos roubando e matando o próximo.

Mas critico sim nossa falta de revolta. Ficamos literalmente congelados quando algo de injusto acontece ao nosso redor, pelo menos a maioria de nós. Acostumamos-nos a levar as “porradas” do dia-a-dia, a “comer os sapos” de cada manhã e esperar por algum milagre que mude nossa infeliz rotina.

Sinceramente, acredito que pessoas que usam da frase “o mundo é dos espertos”, e fazem dela um tipo de justificativa para serem desonestos deveriam ser enjauladas, pois é na falta de atitude ou conhecimento dos outros que estas mesmas se tornam reis, que nem mesmo milhares de revoluções francesas seriam capazes de destroná-las.

Termino este escrito com a frase do revolucionário mexicano Emiliano Zappata que diz:
“Prefiro morrer em pé a viver de joelhos”

Dica de filme

e
Oldboy é um daqueles poucos filmes que se assiste e fica-se refletindo por alguns momentos.

Verdadeira obra-prima, vale a pena assistir.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Ditadores em Massa


Todas as pessoas têm um pouco de ditador em seu interior, apesar de que em algumas isso se equipara a grãos de areia. É verdade. Mesmo que não notemos, estamos querendo que nossas opiniões se sobreponham as dos outros, principalmente se estes últimos forem considerados mais fracos ou mais “burros” por nós. No entanto, não são raras as vezes que nos passamos por hipócritas. Um belo exemplo disso é quando nossos ídolos fazem coisas que, num passado não muito distante, repudiávamos, depois, pelo simples motivo de eles fazerem, criamos certa afinidade por aquela idéia antes desvalorizada pela nossa falta de visão, ou, quem sabe, uma súbita alienação.

Não confundamos o exemplo anterior como um argumento que defenda a falta de liberdade em mudar de opinião, pois todo mundo muda, isso é natural quando evoluímos ou regredimos psicologicamente. Mas sim uma critica ferrenha a esses falsos críticos, que acham saber de tudo e todos sem antes conhecer a fundo sobre o que se está dizendo e ainda esperam que todos compartilhem de sua visão.

Quantas vezes nossas idéias foram descartadas por aquele adulto teimoso e limitado, só porque ainda estávamos no ensino fundamental ou tínhamos um pouco menos de idade que ele, e depois rimos muito porque o ignorante se deu mal? Quantas vezes não deixamos de ouvir o outro por pensarmos que uma nota de prova resume toda a capacidade intelectual dele, e quando menos percebemos tudo estava certo? Uma coisa que não pode ser ignorada é a diversidade de opiniões, mesmo que não as aceitemos precisamos ter um certo respeito pelo que os outros pensam.

Critiquemos sim, mas antes tenhamos certeza do que falamos, analisemos as possibilidades e depois demos o nosso aval. Ninguém é dono da verdade, está é a verdade. (Muito ditador, não acha?)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Loucuras de jovens sonhadores


Eram exatamente sete da manhã quando Alice acordou. Garota branca, estatura média, loira de cabelos encaracolados, tinha corpo e rosto atraentes. Pensamentos ainda desconexos por ter acordado recentemente. As imagens do sonho que teve rondavam sua mente, no entanto, não lembrava muito bem sobre o que era. Algo haver com um coelho correndo desesperadamente pela floresta segurando um relógio, uma rainha que não aceitava ser contrariada, desaniversários celebrados com chá e um gato colorido. Não sabia bem o porquê, mas não gostava muito desse último personagem. - Ah, deixa pra lá. – Pensou enquanto tomava o rumo do banheiro. Tomar um banho quente era a prioridade do dia.
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Lá estava ele, de frente para a janela do apartamento dela. Não perderia por nada desse mundo a chance que teria. Estava no mesmo lugar havia três horas e nenhum sinal dela. – Droga, com certeza já deve ter saído. Se ao menos eu tivesse acordado mais cedo, talvez ainda consegueria... – Interrompeu seus pensamentos para olhar o relógio. Sete e dez e nenhum sinal da moça.
Kliker estava começando a ficar preocupado, mas logo se acalmou quando ouviu barulho de música alta vindo do local que é o quarto dela. Era estranho ele se preocupar em acordar cedo, pois não conseguiu dormir na noite passada.

Kliker era um adolescente de estatura alta – aproximadamente 1,80 de altura – cabelos lisos e grisalhos, rapaz branco. Era um bom rapaz, mas às vezes era mau também (assim como qualquer outra pessoa). Gostava de sair à noite com os amigos, e entre cigarros e bebidas jogava um pouco de conversa fora. Era relativamente feliz, tinha uma vida estável, pais legais, etc. Mas faltava algo para preencher a lacuna que havia em seus sorrisos. Faltava Alice, e era ela quem furtara seu sono. Quando tinha-lhe feito o convite de levá-la para a faculdade, nunca imaginou que ela pudesse aceitar. Mas mesmo assim o fez. Não sabe ao certo se ficou com medo ou coisa parecida. No final, tomou coragem e fez a pergunta. Os segundos entre a indagação e a resposta pareciam intermináveis anos. – Levaste meu sono e nem tens idéia disso. – Pensou. Era a primeira garota que convidava para uma carona em sua moto.

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Nesse momento, Alice acabou de tomar seu café da manhã. Olhou pela janela e viu que ele estava lá. Deu um largo e brilhante sorriso. Colocou sua calça jeans, calçou seu all- star branco, vestiu uma blusa verde, desenhou bigodes de gato em suas rosadas bochechas e, por último, botou um nariz de palhaço.

Pulou a janela de seu quarto (ficava no segundo andar) alcançando facilmente o chão. Abriu o portão do prédio e foi ao encontro dele. Ambos se cumprimentaram com aquele costumeiro beijinho no rosto e, logo em seguido, ela subiu na garupa da moto.

Em instantes, Kliker zarpou. Alice, com medo de cair, pôs os braços em volta da barriga do motorista. Ele estava usando uma jaqueta preta. Ela aproveitou a oportunidade e sorrateiramente pôs suas habilidosas mãos dentro de seus bolsos furtando-lhe a carteira, ainda tendo a mesma agilidade para colocar a mesma dentro de sua blusa, apesar da alta velocidade, pois a moto estava a 120 km/h. – Parece que sono não é a única coisa que ela rouba. – Pensou Kliker. No entanto, a carteira estava vazia, por isso não se importou.

- Sabe Kliker, se você fechar os olhos pode enxergar o paraíso, é fascinante.
- É mesmo?
- Sim.
- Sim o quê?
- Sim senhor.
- Hmmm... Bem melhor agora. – Disse Kliker num tom rude.

Às vezes, na vida de qualquer ser humano, é preciso de alguns segundos para que se faça algo. Algo que pode mudar a vida de quem o faça. Às vezes, um pequeno ato é tudo de que precisamos para nos tornar livres. Somente isso para saber se valeu a pena tudo que vivemos. Foi nisso que Kliker pensou quando repentinamente acelerou mais sua moto. Tinha feito à decisão que mudaria não só sua vida, como a de outras pessoas que nunca antes vira.

O shopping era o local que escolhera. Uma decisão feita na hora, pensada na hora, sem preparos ou coisa parecida que um estrategista psicótico pensaria antes de tal maldoso ato (ou bondoso dependendo do ponto de vista).

Alice estava começando a se assustar, ela percebeu (o que é inevitável) que a moto estava indo rápido demais. Apesar de assustada, gostava daquela sensação. Não sabia o que diabos ele estava pensando, mas certamente era algo bom, não importasse o que fosse. Foi nesse momento que teve uma idéia, faria-o ver o paraíso.

Kliker sentiu as macias mãos de Alice tapando-lhe os olhos – Ah, que sensação boa. Nesse momento nada mais importa. – Pensou ele. De repente, o veículo subiu na calçada e começou a atropelar os pedestres. Ao invés de gritos e protestos para o louco motorista, ouvia-se elogios de quem estava sendo atropelado.

-VAI FUNDO RAPAZ! – gritou um velho.
-NÃO DESISTA AGORA! – gritou freneticamente uma senhora.
-NÃO SE ESQUEÇA, A ESTRADA PARA ONDE QUER QUE VOCÊ VÁ, É LOGO ALI VIRANDO A ESQUERDA! – apontou um garoto usando um daqueles bonés com uma espécie de hélice de brinquedo que se vê em aviões.

Kliker estava deixando as coisas fluírem. Esse era o momento mais importante de sua vida, porque pela primeira vez ele não estava querendo controlar as coisas, deixaria tudo fluir naturalmente, como um louco sonhador.

Blogs interessantes

Pra quem gosta de ler, aqui vai a dica de dois sites interessantes:
http://www.ivancarlo.blogspot.com e http://www.serieanjos.blogspot.com/

O primeiro fala de diversas coisas, já o segundo é sobre uma história muito legal.

boa leitura.

Caçadores de Pipas


Em dias em que a temperatura chega à 120º, é muito comum ficarmos em casa dentro de nossos quartos refrigerados com potentes condicionadores-de-ar. No entanto, existem pessoas determinadas e corajosas, arriscando-se embaixo do infernal calor, fazendo, muitas vezes, esforços que parecem ser fora do comum, não humanos, para pegar pipas (SIM, PIPAS!).

Estas pessoas são chamadas popularmente de moleques-de-rua, eu prefiro chama-las de caçadores de pipas, não por ser um termo eufemista, mas porque quando elas caçam, acontece uma guerra que pouca gente percebe. Eles correm como loucos de rua em rua, quarteirão a quarteirão, batem uns nos outros, enfim, se assemelham a verdadeiros animais.

Talvez o que os fascine tanto neste objeto de pouco valor, é o fato de poder fazê-lo voar. É possível notar o puro êxtase em seus olhos quando vêem a pipa nos confins do céu. Quem sabe eles se sintam como elas, livres, mas ao mesmo tempo, presos por grilhões que não os deixam esquecer da realidade de suas vidas, que ao descer do grande azul, se tornarão novamente pessoas normais, frágeis, assim como suas pipas: pedaços de graveto, um pouco de plástico e alguns metros de linha, nada de especial.