domingo, 30 de setembro de 2007

Você acredita em vida após a internet?


Dez horas da noite. Amanhã tenho prova de recuperação. Entro na internet para desopilar. Primeiro vou ver meu orkut, Hum... tem sraps! Vou responde-los, mas antes vou abrir o msn. Primeiro eu entro off, para ver quem está online, depois fico on. Pronto! Respondi os recados.

Ei! Que menina linda essa amiga do Charllys. Vou dar uma espiada no orkut dela. Droga, era pura maquiagem, se produziu pra foto. É, eu sei que vai estar difícil a prova de amanhã, respondo no msn pro Tanderson. Caraca véio! Uma da manhã!!! Agora vou dormir. Peraê, peraê, peraê! Essa menina aqui é bonita. Vou ver orkut dela. Que legal, não é maquiagem, ela é bonita mesmo (gosto de ver fotos de meninas bonitas). Pronto, desliguei o computador, vou dormir.

Balanço de um lado pro outro na cama. Olho o relógio do meu celular, são duas da matina. Tenho uma idéia! Vou entrar na internet. Abro o orkut, apenas duas pessoas no msn. Converso com uma, enquanto espero mais pessoas entrarem. Já sei! Vou mandar um scrap pra Júlia e outro pro Juan, pra saber como eles vão. Pô cara! Olha quem entrou no msn! O Tinho Jr., faz um tempão que eu não falo com ele! Começo a falar, quer dizer, teclar, digitar. Sexto sentido de mãe é foda. Ela entra no quarto e diz:
- Menino, desliga logo isso aí, amanhã você tem que acordar cedo, tem prova!

Deito na cama pra tentar dormir. Eram três da manhã. Mas, pô, o Tinho Jr. tava no msn, aquele bagunceiro engraçado, meu amigão. Ah, não! É raro eu vê-lo no msn, e além do mais ele não mora mais no estado. Voltei pra internet. Conversei com o Tinho Jr. até as cinco e meia da manhã. Fui dormir. PAN-PAN-PAN-PAN-PAN, PAN-PAN-PAN!!! O despertador toca, Seis e meia, tenho que me arrumar para a prova de recuperação.

Sabe, eu me ferrei legal na prova, mas pra essa história toda não ser desperdiçada, resolvi entrar na internet e colocar no blog.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Lá estava o velhinho


Lá estava ele, 99 anos de idade, no dia seguinte fará 100 anos. Lá estava ele, que começou a estudar na Escolinha Patinho Feio. Lá estava ele, que namorou na adolescência com a menina mais popular da escola. Lá estava ele, outrora campeão nacional de judô. Lá estava ele, que chegou a ser o prefeito da cidade, graças a sua fama de campeão. Ele construiu a praça onde estava, inclusive o banquinho onde estava sentado. Lá estava ele, que casou com a filha do homem mais rico da cidade. Lá estava ele, que traiu a esposa e diforciou. Lá estava ele, que arriscou tudo o que tinha num negócio. Lá estava ele, que havia falido. Ele sentado no banco e o banco embaixo dele. Ah! Lá estava ele, caído no chão, morto, cuja causa foi a parada do coração. E lá estavam as pessoas, curiosas, querendo saber quem era ele.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Gato Borralheiro


Bom dia/tarde/noite. Meu nome é Jorge. Estou cursando direito, faço o terceiro semestre do curso. Confesso que sou um cara desleixado com minha aparência. Não pentio o cabelo, minha barba é grande, não uso perfume e minhas roupas são verdadeiros trapos( sim, tenho condições para comprar uma roupinha melhor, mas amo meus trapos).

Num belo dia, mais especificamente numa sexta-feira, decidi mudar de aparência por três motivos: ver como ficava, ser elogiado e, principalmente, chamar a atenção de Carol(Ah!... doce Carol, não sabe ela o amor que sinto). Carol é a menina mais bonita da sala, e o sonho de todos os garotos da sala é encostar os lábios nos lábios dela e depois chupar a língua dela(Ah!... que doce língua). Porém esqueci de dizer para você leitor que eu nunca havia falado com ela.

Fiz a barba, penteei o cabelo, comprei camisa, calça e tênis de marca(como são caros), passei o perfume Paco Rabane do namorado da minha irmã, não esquecendo do desodorante de fragância super agradável. Fiquei bonito pra porra, de verdade.

Chego na faculdade, porém no pátio não há ninguém de minha turma. Decido subir as escadas e ir até minha sala, então... lá estava ela, Carol, do lado de fora da sala, escorada na porta. É aí que ela percebe minha presença, me vê produzido e caminha na minha direção, com um olhar fixante. Imagino mil coisas: "ela vai falar que eu estou bonito e me chamar pra tomar uma coca, daí eu vou ter a chance de começar um relacionamento com ela; ela vai sorrir pra mim e dar uma piscada; ela vai chegar me beijando;...". Meu coração dispara. Ela para a dois passos de mim. Lentamente abre a boca. Diz:
- É... Jorge, não é? Vai ter apresentação hoje?

obs: esta é uma ficção literária, qualquer semelhança vivida com a história ou trecho da história será mera coincidência.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

As mesmas coisas tolas


Será que existe mesmo um futuro? Pra mim, vivemos num constante passado. Não importa o quanto tenhamos aprendido, sempre cometeremos os mesmos erros. Confiamos nos inconfiaveis (estes mudam o nome, não seus atos), permanecemos na mesma porcaria de rotina que vem nos estagnando dias, semanas, e até, quem sabe, anos.

Quando tentamos fazer algo diferente, sempre aparecem aqueles “críticos” que nada entendem, os mesmos narcisistas que só se preocupam consigo mesmo, parece que vivem em função da desgraça alheia. Mas estes são fáceis de lidar, dane-se a opinião deles.

Fazer o que queremos é difícil, sempre acontece algo ou inventamos algum tipo de desculpa. Somos atraídos pela preguiça e apaixonados pela própria falta de atitude. Depois olhamos o relógio e nos arrependemos, fazemos juramentos de que amanhã será um novo dia, o dia da libertação, mas no fim é o mesmo filme, mesma história, mesmos atores e mesma platéia.

sábado, 8 de setembro de 2007

A Arte do Ócio


Tem um esporte que eu acho muito interessante. Ele não apareceu nas olimpíadas do Rio de Janeiro e nem possui campeonatos, mas é praticado pela maioria da população de maneira informal, eu o chamo de “a arte do ócio”.

Historicamente, o ócio era uma prática grega somente feita pelos considerados cidadãos gregos. Eles se ocupavam em desenvolver o intelecto, pois a base da economia nessa época advinha do trabalho escravo.

Hoje em dia, nós o praticamos quando deixamos de fazer certas coisas importantes para nada fazer. Um belo exemplo disso foi hoje, quando fui comprar um hambúrguer numa lanchonete do lado de minha morada. Eu observei que o garçom era muito preguiçoso, ficava sentado assistindo televisão, com os pés acomodados em uma cadeira a sua frente. Enquanto isso, uma mulher que tinha acabado de comer pedia a conta.

Devo ressaltar que ela é profissional nesse esporte, porque estava dentro de seu veículo e ficou a buzinar desesperadamente, clamando por atenção. Quando não, ela levantava a cestinha que a lanchonete lhe serviu junto com o pedido, esticando-a com o braço, na esperança de que algum funcionário a visse. O garçom estava entretido demais com a novela para perceber o desespero em seus olhos, ela nem ao menos falava, parecia que estava a ponto de chorar, tal qual um recém-nascido quando não encontra os peitos de sua mãe para suprir a necessidade de leite materno.

Enfim, depois de longos vinte minutos, ela finalmente foi atendida. O que mais me intrigou nisso tudo foi o fato do carro estar estacionado a menos de três metros da lanchonete.