quinta-feira, 26 de julho de 2007

Pessoas camufladas


Lá estava ele andando pelas ruas da cidade. Calça jeans, all star preto e uma camisa branca, seu nome era Fringles. Rapaz alto, magro, olhos castanhos escuros e cabelos ondulados da mesma cor. Apenas 17 anos e muitas idéias na cabeça, idéias que não contaria à ninguém, nem que fosse necessário. Era assim que pensava das pessoas. Não confiava nem mesmo em seus pais, aqueles que haviam-lhe dado a vida, SIM, a vida. Esta última fizera-o passar por situações complicadas das quais não gostava de lembrar.

É bom andar, consigo aprender muito observando o fator humano, este que é tão cheio de maldade... Opa! Aquele alí tem cara de malandro! Fica no sinal fazendo aquele malabarismo com bolas, ou qualquer outra coisa, em troca de dinheiro. Já aquela senhora aparenta ser boazinha, no entanto, não ficaria surpreso se ela estiver carregando alguma daquelas maçãs envenenadas nessa sua sacola, pronta para entregar à primeira garota que apareça em sua frente. É isso o que pessoas velhas fazem. Figem ser algum de tipo bondade encarnada e depois, quando damos as costas, nos atingem! Aquela mãe parece conhecer bem seu filho pequeno.- O garoto parecia ter uns sete anos e Fringles viu quando a mãe tinha comprado um brinquedo, depois de ele muito ter chorado- Que idiota. Não vê que só está alimentando o egoísmo do moleque? Aposto que quando crescer vai ser um daqueles garotos mimados, que têm como diversão atacar pessoas paradas em pontos de ônibus durante a madrugada (apesar de achar que elas mereçam apanhar mesmo). Malditos! - pensava.

Pode parecer um pouco estranho mas Fringles era um garoto bom, ao menos aos olhos da sociedade. Ajudava ao próximo sempre que podia, no entanto, por dentro era só raiva e ódio. Fazia boas ações para que o tomassem como um exemplo. Mas naquele dia em especial, não iria cometer uma boa ação. Chegaria em casa, pegaria o revólver do pai e toda munição que encontrasse. Castigaria o máximo de pessoas que conseguisse. Ah sim, se iria! Estava louco por isso. Seria uma jornada sem retorno, mas valeria a pena. Viraria capa de revista e, quem sabe, conhecido no mundo todo. Pelo menos até que outra tragédia o jogasse no manto do esquecimento público.

Chegou em casa ofegante. O sangue fervia em suas veias como nunca. Era muita adrenalina.

Foi para o quarto do pai e se dirgiu ao guarda-roupa. Lá estava ela, pronta para ser usada. Desert-Eagle (igual aquelas do jogo: "counter-strike"). Definitivamente, essa belezinha vai fazer um bom estrago.

Já eram quase três da tarde quando saiu para rua empunhando a arma. Prendeu a respiração. "É um, é dois e é..." BANG. Atingira uma velinha vendedora de maçãs. BANG. Atingiu um garoto de rua que ganhava dinheiro fazendo malabarismos no sinal. BANG. Atingiu um garotinho que passeava com a mãe tendo um brinquedo recém comprado em mãos. BANG. Dessa vez ele mesmo fora a vítima. O tiro atingiu em cheio suas costas e fora dado por um policial que estava horrorizado com tudo.

À tarde foi a maior confusão. Todos os baleados estavam mortos, e os pais do garoto assassino não sabiam o que falar. Queriam ter dito que seu filho era um herói. Que tivera encontrado a cura para a AIDS. Que depois de formado na faculdade, havia se casado com uma boa mulher. Mas eram apenas bons pensamentos que qualquer pai deseja ao filho. Nada mais podiam falar do que a tão conhecida frase: "Onde foi que eu errei?".

Um mês depois tudo voltou ao normal. As manchetes do jornal foram substituidas por um acidente de avião que havia ocorrido. Diziam que era o mais terrível acidente da aviação aérea.

Pouca gente sabia. A velhinha que havia sido assassinada era na verdade "Vovózinha Loba". Passava o dia colhendo maçãs em seu pomar e depois as enchia de veneno. Quem consumia, morria três meses depois sem nenhum motivo aparente.

Pouca gente sabia. O garoto-de-rua que havia sido morto, era na verdade um traficantizinho. Cometia pequenos delítos e também alguns assassinatos.

Ninguém sabia. Mas o garotinho morto, que antes aparentava ter a mais bela inocência infantil, anos mais tarde iria se divertir espancando pessoas em pontos de ônibus durante a madrugada.

Absolutamente ninguém fazia idéia que Fringles foi um tipo de anjo-da-guarda, injustamente pintado de mau aos olhos da história.

sábado, 7 de julho de 2007

Talvez fosse verdade?

Um dia eles começaram a brincar daquela famosa guerra de travesseiros. Eram amigos de longa data e faziam a maioria das coisas juntos. Quem havia dado a idéia fora Alice, garota alta, em torno de 1,76; cabelos castanhos claros, olhos cor de mel, lábios carnudos e uma pele branca, aspecto europeu. Estavam no quarto dela e haviam acabado de chegar de uma festa. Eram exatamente três horas da manhã.
Bem, pra ser mais específico, a brincadeira surgiu de uma travesseirada que Alice havia dado em seu amigo, Jack, rapaz baixo, beirava os 1,67; olhos castanhos escuros, corpo mirrado, cabelos longos e lisos, tinha uma pele branca assim como a de sua amiga.
- Ah! Agora eu vou te pegar - disse ele após ter recebido uma pancada em cheio no rosto. Começou a correr atrás dela, mas era muito rápida para conseguir acompanhar, apesar da pequena distância que os separavam, pois a perseguição se limitava em correr em volta da cama.
De súbito, o nada habilidoso Jack, recebeu outra travesseirada mas, desta vez, o golpe havia-lhe trazido consequências que ninguém poderia imaginar. Ao ter sua cabeça encostado no travesseiro, dormiu no mesmo segundo e acabou caindo no chão desacordado.
O rapaz agora se via numa rua onde observou ter várias pessoas. O local era extenso e também muito limpo. Não conseguia saber se era noite ou dia e começou a se perguntar o que estava fazendo ali. Num segundo estava no quarto de sua amiga, agora isso? Definitivamente não fazia sentido - Pensava. Apesar do mistério, ele parou e começou a fitar as pessoas. Percebeu que se tratava de gente comum, no entanto tinham lá suas particularidades. O que lhes diferenciavam das outras é que elas pareciam ser felizes. Todas tinham sorrisos estanpados no rosto e, o que é mais estranho, estavam vestidas de branco. Via crianças brincado com um cachorro e casais felizes de mãos dadas. Havia notado outra coisa mais estranha ainda, todos eram jovens e nenhum dos adultos aparentava ter mais do que 18 anos.
Ficara bestificado com aquilo! Como seria possivel?!? O que estava acontecendo? Onde estava? - Começou a pensar de maneira desesperada. De repente notou que suas roupas também haviam mudado mas, diferente daquelas pessoas, as suas tinham uma cor azul.
Todos notaram o "estranho" e, como que automaticamente, convergiram os olhares curiosos para ele. Jack caiu de joelhos e desmaiou. Agora ele se encontrava em seu quarto deitado na cama. Levantou suspirando com os olhos arregalados. Ao redor de onde estava, encontravam-se vários desenhos de uma garota. No papel, ela tinha cabelos castanhos claros, olhos cor de mel e lábios avantajados.